3 de dezembro de 2007

Inacessibilidades


Hoje é dia Internacional das pessoas com deficiência e realmente é um dia que deixa muito a desejar… Supostamente seria um dia para relembrar estas pessoas e agir para lhes dar mais autonomia, mais independência. Mas infelizmente num país aonde se apelidam estas pessoas de “anormais” estas coisas não acontecem e passamos a ser nós os anormais da história interminável. Porque afinal cabe-nos a nós dar normalidade á vida destas pessoas e sobretudo estabilidade.

Na Quarta-Feira da passada semana estava um senhor numa cadeira de rodas á espera do comboio que faz o trajecto Oliveira de Azeméis – Espinho na Linha do Vouga, eu também lá estava e assisti a algo que me deixou a pensar até hoje e que me alertou para um problema gravíssimo que até agora me tinha passado despercebido.

Quando o comboio chega, o senhor que estava acompanhado de uma senhora de meia-idade faz a primeira tentativa para entrar no comboio tentando subir com ajuda da senhora três degraus altíssimos, logo depois da tentativa falhada ficaram ali imóveis sem saber o que fazer até que o revisor chega e tenta ajudar na sua entrada para o comboio… O que se tornou em mais uma tentativa falhada…

Chegando ao que nós pensamos que será o fim da história, o senhor precisou da ajuda de 5 homens para entrar no comboio, logo de seguida deparou-se com um ferro que está a meio da entrada e que teimava não deixar passar a cadeira e como se não bastasse quase caia da própria.

Depois de ter conseguido “ultrapassar” estas barreiras não sozinho, como talvez desejaria, teve ainda de fazer uma viagem de uma hora, um trajecto de 30 km, num comboio que não deve andar a mais de 30km á hora, acondicionado entre a porta de entrada e um vidro que não se distancia a mais de 60 cm da porta. (vejam imagem acima)

Naquele dia estava frio, para além do aquecimento não estar ligado, a porta abria e fechava constantemente, o senhor para além dos muitos problemas que concerteza deve ter e que teve de ultrapassar nesse dia para poder viajar de comboio, deve ter apanhado uma valente constipação para além de passar a viajem toda desconfortável, já que estava de costas para a porta, correndo o risco de a qualquer falha na abertura da mesma, cair do comboio, para além de concerteza se sentir incomodado pela entrada e saída das pessoas que a toda a hora roçavam na sua cadeira e faziam com que a mesma se movimentasse.

Aquelas imagens ficaram na minha cabeça e por hoje ainda aqui continuam…

Porque realmente é triste, indignante e irritante, em pleno século 21 e vivendo num país que se apelida de “moderno”, ver-mos que uma pessoa que apenas se diferencia de nós na mobilidade tem de ultrapassar barreiras diárias para fazer uma coisa normalíssima, como uma viagem de comboio.

Onde estão as acessibilidades para todos?

7 comentários:

Eduardo Ramos disse...

Vivemos em Portugal (cadeira de rodas) e já algum tempo que não apanhamos o comboio do progresso devido a umas cabeças (escadas e todo o tipo de obstáculos) que nasceram aferidas só para pensar em lucros. E lá andamos nós de costas para o problema e sem força para nos levantarmos e desatar a gritar por u lugar condigno.

É uma merda. Eu sei.
Bem voto em branco para dizer que não concordo… mas outros ainda acham que não ir votar é que é a solução.

1 beijo

Zé Carlos disse...

Oi Lídia querida.
Bem se vê que você é da mídia, fez uma reportagem de primeira.
Faça-a chegar às autoridades que alguém precisa se importar com isto.
Se fosse aqui na minha terra iria dizer - esquece.... nem adianta.
Mas vcs hoje fazem parte do primeiro mundo e têm obrigação de segui-lo.
Bjs do ZC

Jazz Manel disse...

� o pa�s que temos, n�o h� meio de sa�rmos de mediocridade. Aqui fica um exemplo de aqueles que rumam contra a mar�

http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=294993&visual=26

Andreia disse...

Olá!

Realmente é muito injusto nunca pensarem nestas situações!

NM disse...

Obrigado pelo convite!
Tenho cá vindo esporádicamente...

Aqui no Porto há uma situação muito semelhante com os novos autocarros. Quando foram comprados houve um grande espalhafato com o facto de terem uma espécie de tabuleiro mecânico que serviria para que as pessoas de cadeira de rodas entrassem. Tudo isto é muito giro e pode também ser azar meu mas das duas vezes que vi alguém necessitar desse equipamento ele não funcionou...
Isto para não falar das ruas a pique e das eternamente inacessiveis caixas de multibanco e cabines telefónicas...

Menina do Rio disse...

Infelizmente aqui também é assim. Uma tremenda falta de respeito para com quem tem dificuldades de se locomover. Vivemos na contramão do progresso!

Beijos

Luis Prata disse...

Excelente texto... Só eles sabem o que é sentir essas dificuldades no dia a dia....

Beijinho Lídicas

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