16 de janeiro de 2012

Uma teoria sobre as manhãs...

As manhãs são na maioria das vezes, para as pessoas, aproveitadas para momentos de reflexão. Não falo da manhã completa, falo daquele inicio de manhã em que as nossas pálpebras parecem coladas e o nosso cérebro, ainda dormente, dá ordens aos nossos pés para seguir em frente, pelo caminho do costume, até ao trabalho.

É normalmente pela manhã que as pessoas tomam decisões. Por exemplo, é ao inicio da manhã que os namorados discutem quando as coisas vão mesmo mal. Porque na noite anterior ele não ligou nenhuma às mensagens, porque na noite anterior deu-lhe um ataque de euforia e disse que já não o queria mais, porque na noite anterior, ambos, estavam insatisfeitos com a vida e queriam acordar na manhã seguinte com uma vida nova. O mal é que na noite anterior, normalmente, nada fica resolvido e por isso a manhã seguinte não serve para dar um passo novo na vida, mas sim, para tentar adiar o passo para outra manhã.

Por exemplo, ainda esta manhã, ouvi um “não desligues que eu ainda não acabei de discursar, vou dizer tudo o que aqui está entalado” e aqui há dias, ainda pela manhã, ouvi um “és um estúpido e não me mereces mais”, mas também já ouvi “deixa-me em paz que eu já tenho outra”.

Também já vi choros pela manhã, disfarçados com óculos de sol ou constipações. Normalmente é pela manhã, depois de uma noite em claro, que as pessoas tentam resolver as relações, discutindo ou usando palavras mais brandas, tentam que tudo fique resolvido logo ao inicio da manhã. E quando já dizem tudo o que lhes apetece, chegam ao trabalho fortes, de espírito renovado (ou não), mas tentam afogar toda a sua raiva ou mágoa no trabalho. “Trabalhar para esquecer” nunca foi boa solução, pelo menos porque não é uma solução, se as soluções resolvem as coisas, o trabalho deixa-as pendentes. E é assim, o assunto fica pendente até depois do almoço, ou até ao intervalo de almoço, onde se volta à cargas as mensagens ou um toquezinho para ver o que vem do lado de lá. Durante a tarde o assunto volta a ficar pendente, tenta-se mostrar que a pessoa do lado de lá já está esquecida e que agora é só “bola para a frente!”, até se aceita um convite para sair ou até se procura outro alguém que possa preencher o “vazio”, nem que seja com uma conversa mais animada.

Mas entretanto chega a noite e com ela seguem-se novas reflexões sobre a vida, desta vez mais saudosas, desta vez sobre as coisas boas e então tenta-se outravez, inicia-se a troca de mensagens, insiste-se com um telefonema, fala-se e depois deixa-se um novo vazio, porque ele dormiu ou porque ela está ocupada. Até se consegue ter um mínimo de compreensão, mas amanhã há uma nova manhã e se a noite não foi de certezas, a manhã não trará grandes garantias.

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